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Revista / Entrevista

Miá Mello fala de maternidade: ‘A sociedade idealiza a imagem da mãe'

Diante dos múltiplos papéis, Miá Mello cita os desafios da mulher moderna

Por Daniel Palomares Publicado em 22/09/2023, às 07h06 - Atualizado às 12h07

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Miá Mello em entrevista na Revista CARAS - FOTOS:MÁRCIO FARIAS
Miá Mello em entrevista na Revista CARAS - FOTOS:MÁRCIO FARIAS

São 12 horas diárias de gravações, de segunda a sexta-feira, no Rio. Aos fins de semana, ela consegue voltar para São Paulo ou recebe a visita do eleito, Lucas Melo (36), e dos herdeiros, Nina (12) e Antonio (6), na Cidade Maravilhosa. A rotina é intensa, mas Miá Mello (42) está adorando cada minuto. “Eu estou com a energia no topo! Nem sempre o excesso te esgota. Estou revigorada, produzindo e muito feliz de realizar este projeto”, comemora a atriz, em papo com CARAS, no Rio. O projeto em questão é a adaptação cinematográfica do espetáculo Mãe Fora da Caixa, monólogo que transformou a vida de Miá. Em meio à fase de conquistas na vida pessoal e profissional, ela elenca as alegrias do presente e entrega seus sonhos.

– Como faz para conciliar uma agenda tão intensa?
– O que me desgastou foi o antes. Eu fiquei noites sem dormir, pensando como eu iria me organizar, se as crianças iriam sofrer, se daria conta. Fiquei muito preocupada, mas tudo se organizou bem, e isso tem um crédito gigante para o meu marido e para as crianças, todo mundo está cooperando em uma atmosfera tranquila. Eles virem para cá é muito legal. Vamos à praia, andamos de helicóptero... Talvez o Lucas esteja mais sobrecarregado com a ‘bucha’ da casa, mas temos uma parceria legal.

– É um desafio coordenar a maternidade com o trabalho?
– Essa sobrecarga é ancestral da mulher. Esse filme que estou fazendo agora fala do puerpério, um momento muito desgastante para a mulher. Temos a troca de hormônios, é uma loucura total. Na maternidade, você nunca pode baixar a guarda. No fundo, as coisas vão mudando, mas ainda dão trabalho. Toma uma energia muito grande educar. Por mais moderna e jovem que me sinta, tem um abismo geracional. Por mais descolada que você acha que é, você se vê envelhecida, desatualizada. É um desafio para sempre. Não existe um manual de instrução, não tem como se preparar, cada maternidade te atravessa de um jeito e você tem que estar pronta para um desafio que nem sabe qual é.

Miá Mello em entrevista na Revista CARAS

– Qual a importância de falar sobre maternidade real?
– A sociedade idealiza e idolatra a imagem da mãe. Isso é muito prejudicial para a mulher, deixa a mulher doente. É importante falar de maternidade real, mas conseguir se sentir livre das culpas e imposições é difícil. Uma coisa é se mostrar falível como pessoa, outra é como mãe. É muito julgamento. A maternidade é ambivalente. Fica aqui meu papel no universo de entender que a ambivalência tem que ser disseminada. Você fica feliz, triste, com raiva e tudo bem. Sentir as sensações é natural. Ou quando falamos de amor incondicional pelos filhos: todos falam que você sente uma explosão de amor,
mas não é sempre assim. Nem sei que amor é esse tão idealizado! É uma construção como todas as relações. Nós precisamos estar em primeiro lugar. Nem sempre, ainda mais como mãe, conseguimos fazer isso. Mas é importante sempre ter isso na cabeça. Ser a nossa prioridade.

– Você já teve alguma crisem por conta da idade?
– A pandemia ferrou meus 40 anos. Como assim eu perdi a oportunidade de saber se eu ficaria brava ou feliz com a nova fase? Foi brochante, muito chato. Depois, comecei a pensar que é uma idade de mudanças de corpo, mas, em contrapartida, me sinto abençoada geneticamente, acho meu corpo lindo. Me sinto muito bonita. Vem com a coisa mais maravilhosa do mundo que é a maturidade. Você faz análise, passa a dar menos importância a coisas banais, passa a ficar mais confortável na sua casa, que é você. Mas, claro, que eu tenho crise como mulher, como atriz. Se pudesse ficar para sempre com essa carinha, seria maravilhoso! Sempre vai ter o fantasma da próxima década, no entanto, tento lidar com o tempo sempre da melhor forma possível.

– E o que o tempo te reserva daqui para frente?
– Ainda tem tantas coisas que eu quero realizar. Tenho muita vontade de fazer personagens daqueles bem densos, com um mergulho na psiquê. O que eu mais amo é essa construção, poder desenhar a personalidade desse novo ser humano. Eu, como atriz, amo e gostaria de fazer todos os tipos de gênero. Amo fazer e consumir comédia. Mas, uma vez que você faz uma coisa, te colocam em uma caixa. Desde que comecei como atriz, tento nadar contra a maré. Às vezes, me pergunto se deveria seguir mais a maré, mas aí não seria eu. O monólogo é um divisor de águas na minha carreira, tenho vontade de que todo mundo assista para ver o meu potencial. É muito legal como atriz ter essa peça na manga. Onde eu tiver espaço para fazer essa criação artesanal, eu vou ser feliz. Esses anos que eu tenho de carreira me dão jogo de cintura para trabalhar na TV; no cinema, me deleito; no teatro, faço realmente a arte do artista. Fico sempre atenta a essas novas oportunidades. Olhando para trás, vejo muitas coisas que eu tenho orgulho de ter feito. Pela primeira vez, estou assinando uma colaboração de
roteiro e começo a ter um olhar para a coisa da direção. É algo que tem me chamado muita atenção. E o Fábio Porchat (40) tem uma importância gigante para isso. Eu gosto de ser essa atriz que sabe essas coisas mais técnicas, ficar ligada no set, prestar atenção em tudo. Outra pessoa importante para esse lado empreendedor é o Pablo Sanabio (41). Ele foi muito generoso, me elogiava, fazia eu me sentir valorizada. Quero ser essa artista autoral, que escreve, dirige, que tem o olhar do todo. 

Miá Mello em entrevista na Revista CARAS

Miá Mello em entrevista na Revista CARAS

Miá Mello em entrevista na Revista CARAS

Miá Mello em entrevista na Revista CARAS

Miá Mello em entrevista na Revista CARAS

FOTOS:MÁRCIO FARIAS; BELEZA: DAIANNE MARTINS; STYLING: RODRIGO BARROS; PRODUÇÃO DE MODA: KEVIN BORGES; ASSIST. DE FOTOGRAFIA: FÁBIO CRUZ E LOCAÇÃO: CASA DA GLÓRIA

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