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Noivas / Anuário 2011

Fábula real

A realeza, tradicionalmente, faz casamentos que entram para a história. Com Kate e William não foi diferente

Redação Publicado em 21/11/2011, às 04h23 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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O vestido de noiva criado pela estilista Sarah Burton é o destaque da exposição sobre o casamento de Kate e William no Palácio de Buckingham - Divulgação
O vestido de noiva criado pela estilista Sarah Burton é o destaque da exposição sobre o casamento de Kate e William no Palácio de Buckingham - Divulgação

A plebeia Catherine Elizabeth Middleton, uma jovem do vilarejo de Bucklebury, Inglaterra, pode não ter uma história cruel como a de Cinderela, mas viveu um conto de fadas ao encontrar um príncipe encantado e se casar com ele em uma cerimônia transmitida por TV, internet e rádio acompanhada por mais de 2 bilhões de pessoas no mundo.

E toda a magia desse dia histórico pôde ser vista por mais de 400 mil pessoas em uma exposição no Palácio de Buckingham, entre os dias 23 de julho e 3 de outubro de 2011. O vestido, a tiara de diamantes Cartier, presente da rainha Elizabeth, os brincos de diamante Robinson Pelham e ossapatos de cetim e renda criados pela grife Alexander McQueen exclusivamente para o evento, faziam parte da mostra. A rainha Elizabeth foi a primeira a visitá-la ao lado de Catherine.

A rainha não foi exatamente como a madrasta má de Cinderela, mas deixou claro que não gostou da exposição. Quando viu o manequim sem cabeça, como um fantasma, com o vestido de casamento, Elizabeth disse que era “horrível, horripilante” e completou com a frase: ''It's made to look very creepy'', algo como “isso é feito para parecer assustador”. Kate tentou explicar dizendo que o manequim estava exposto daquela maneira para dar um efeito 3D. Mas segundo consta, não convenceu a rainha.

Apesar da desaprovação, o vestido criado pela estilista Sarah Burton, da grife inglesa Alexander McQueen, era a peça mais importante da exposição. Feito à mão e com rendas bordadas com uma técnica irlandesa dos anos 1820, o vestido é de tule de seda e cetim. Nas costas, 58 botões revestidos de gazar e organza completavam a delicadeza do modelo.

Tudo foi pensado para relembrar o ‘casamento do século’. No dia 29 de abril de 2011, a noiva entrou na Abadia de Westminster com um buquê projetado pelo florista Shane Connolly com flores selecionadas por seus significados; o lírio do vale representa o retorno da felicidade; Sweet William (uma espécie de cravo), o espírito nobre; o jacinto, amor constante; hera, fidelidade, amor, afeto; e a murta é o emblema do casamento. Uma réplica do buquê também estava exposta.

De braço dado com o pai, Michael Middleton, Kate percorreu o tapete vermelho ao som de I was glad, do compositor Charles Hubert Parry. Pippa, sua irmã e madrinha, estava logo atrás, segurando a cauda de 2,70 metros de comprimento. Com ela, quatro daminhas de honra e dois pajens deixavam o trajeto ainda mais charmoso. O príncipe William vestia um uniforme vermelho da guarda irlandesa, uma das divisões do exército britânico.

A ligação da realeza com a tradição do casamento é antiga e foi justamente por causa de uma rainha inglesa, Victoria, que a cor branca se popularizou entre as noivas ocidentais. No dia 10 de fevereiro de 1840, quando Victoria entrou na Capela Real do Palácio de Saint James, em Londres, usando um lindo vestido branco com flores de laranjeira naturais, virou referência de estilo. Contrariando seus conselheiros, que lhe sugeriram um robe de veludo vermelho, Victoria optou por um modelo de cetim marfim para se casar com seu primo, o príncipe Albert da Saxônia-Coburgo.

Numa época em que os casamentos reais estavam mais para alianças políticas do que histórias de amor, Victoria já tinha tudo para se tornar modelo quando afirmou que a sua união com Albert era um evento pessoal e não político. Até então, as noivas costumavam usar cores fortes para refletir sua alegria diante de um momento tão especial, e as vestimentas matrimoniais reais tinham a função de revelar as riquezas de cada reino envolvido no “negócio”. Um vestido branco, com certeza, chamaria a atenção. Para completar, naquele tempo, roupas brancas eram sinônimo de status social porque limpá-las era praticamente impossível. Usar essa cor no seu casamento significava ter dinheiro o bastante para mandar fazer um vestido que só seria usado uma vez.

Optar pelo branco foi apenas uma das “rebeldias” da rainha Victoria. Até 1840, a maioria dos casamentos reais era celebrada à noite e qualquer tipo de participação dos súditos era bastante limitada. No entanto, Victoria realizou seu casamento durante a tarde e, apesar do tempo ruim, uma multidão de londrinos se aglomerou no parque de Saint James para assistir ao evento. Hoje, com a televisão e a internet, bilhões de pessoas veem – e passam a copiar – os vestidos de noivas famosas.

Mas, no século 19, guardadas as proporções, a quebra de protocolo da rainha Victoria foi o suficiente para fazer com que muitas noivas desejassem um vestido branco como o dela. "A moda real tornou-se acessível para o público em geral. E o sonho de ser princesa, mesmo passa, então, a ser um vestido de noiva”, diz Braga. E o branco ganha ainda mais força por outros motivos. No século 19, duas aparições de Nossa Senhora, das Graças e de Lourdes, ajudaram a relacionar a cor à castidade e à pureza. “Os relatos falavam sobre ‘a virgem vestida de branco’”, diz Braga. E a proclamação, em 1856, do dogma da Imaculada Conceição reforçou essa simbologia. Como se vê, tradição, religião, poder, glamour e beleza são símbolos ligados à realeza. Mas, ao menos por um dia, também estão ligados a toda mulher enquanto ela está no altar ao lado do seu príncipe encantado.